sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

RESENHA DO LIVRO ALEGRIA DE ENSINAR: RUBEM ALVES



RESENHA DO LIVRO
ALEGRIA DE ENSINAR: RUBEM ALVES
 
Resenha crítica do livro: A Alegria de Ensinar de Rubem Alves.
RESENHISTA: Luciana Lemos dos Santos / Salvador, BA / 2012



 
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO...........................................................................................................................04
2. INTRODUÇÃO................................................................................................................................05
3. DESENVOLVIMENTO...................................................................................................................06
 
3.1 CAPÍTULO: ENSINAR A ALEGRIA...................................................................06
3.2 CAPÍTULO: ESCOLA E SOFRIMENTO.............................................................06
3.3 CAPÍTULO: A LEI DE CHARLIE BROWN........................................................06
3.4 CAPÍTULO: “BOCA DE FORNO”.......................................................................07
3.5 CAPÍTULO: O SAPO.............................................................................................07
3.6 CAPÍTULO: SOBRE VACAS E MOEDORES.....................................................08
3.7 CAPÍTULO: “EU, LEONARDO”..........................................................................08
3.8 CAPÍTULO: LARGATA E BORBOLETAS.........................................................09
3.9 CAPÍTULO: BOLINHAS DE GUDE....................................................................09
3.10 CAPÍTULO: UM CORPO COM ASAS...............................................................10
3.11 CAPÍTULO: TUDO O QUE É PESADO FLUTUA NO AR...............................10
3.12 CAPÍTULO: AS RECEITAS................................................................................11
3.13 CAPÍTULO: ENSINAR O QUE NÃO SE SABE................................................11
3.14 CAPÍTULO: O CARRINHO................................................................................12
4. CONCLUSÃO..................................................................................................................................13
REFERÊNCIA......................................................................................................................................14
 
 
 
1. APRESENTAÇÃO

O escritor Rubem Alves nasceu no dia 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais, localidade que ficou conhecida na época por Dores da Boa Esperança. No período de 1953 a 1957 estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas em São Paulo, tendo se transferido para Lavras, Minas Gerais, em 1958 exerce a função de pastor comunidade de Larvas até 1963. Casou-se em 1959 e teve três filhos: Sérgio (1959), Marcos (1962) e Raquel (1975).
Em 1963 foi estudar em Nova York, retornou ao Brasil no mês de maio de 1964 com o título de Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary. Denunciado pelas autoridades da Igreja Presbiteriana como subversivo, em 1968, foi perseguido pelo regime militar. Abandonou a igreja presbiteriana e retornou com a família para os Estados Unidos, fugindo das ameaças que recebia. Nos Estados Unidos, tornou-se Doutor em Filosofia e PhD pelo Princeton Theological Seminary. Foi nomeado professor titular da Faculdade de Educação da UNICAMP e, em 1979, professor livre-docente no IFCH da mesma universidade.
Rubem Alves encontrou na literatura e na poesia a alegria que o manteve vivo nas horas más por que passou, tornou-se autor de inúmeros livros, é colaborador em diversos jornais e revistas com crônicas de grande sucesso, em especial entre os vestibulandos. O autor é membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadãohonorário de Campinas, onde recebeu a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.

2. INTRODUÇÃO
 
O livro A alegria de ensinar de Rubem Alves, tem 93 páginas, está dividido em quatorze capítulos são eles: Ensinar a alegria; Escola e sofrimento; A lei de Charlie Brown; Boca de forno; O sapo; Sobre vacas e moedores; Eu, Leonardo; Lagartas e borboletas; Bolinhas de gude; Um corpo com asas; Tudo o que é pesado flutua no ar; As receitas; Ensinar o que não se sabe; O carrinho. Neste livro o autor discute vários aspectos do conhecimento e como o conhecimento é transferido para os alunos, Rubem fala sobre o tema educação através de poemas, citações de pensadores famosos: Hermann Hesse; Ruckert; Zaratustra; Jorge Luis Borges; Romain Rollan; Paul Goodman; T.S.Eliot; Nietzsche; Lewis Carroll; Wittgenstein; Roland Barthes; Alberto Caeiro; Leonardo da Vinci; William H. Whyte Jr.; Orozco Drummond; Chark Kerr; Paulo Leminski; Buber; Groddeck; Alberto Caeiro; Adélia Prado e através de sua própria experiência. Em cada capítulo, Rubem Alves nos envolve com suas simples e profundas palavras, demonstra que seu objetivo principal é transmitir a alegria no processo de ensino-aprendizagem, onde ensinar e aprender devem ser vividos de maneira alegre e sem sofrimentos. A Alegria de Ensinar é um livro de linguagem acessível, poética, e que nos leva a refletir sobre os saberes necessários para à prática educativa dos professores.


3.1 Ensinar a alegria

Ao escrever este capítulo o autor evidência que ser professor é ensinar a felicidade, porem a felicidade não é uma disciplina de ensino, mas as disciplinas nada mais são que taças multiformes coloridas, que devem estar cheias de alegrias e por conseqüência é preciso que os alunos ao receber sintam prazer igual ao do professor que esta ensinando, se não for desta maneira, o professor terá fracassado na sua missão de ensinar. O professor surge da exuberância da felicidade é o puro prazer de ensinar que é apresentado neste capítulo através da metáfora do copo cheio, pois o professor encontra-se cheio de conteúdo através dos conhecimentos adquiridos e quando vai transferindo o conhecimento para seus alunos, este por sua vez acaba por esvaziar e por sua vez este prazer torna-se o de também aprender.
3.2 Escola e sofrimento
Neste capítulo o autor descreve o martírio dos alunos que freqüentam escolas onde existe o altoridade do professor que detem conhecimento, ele menciona, que se for feita uma pesquisa entre as crianças e os adolescentes sobre as suas experiências de alegria na escola, eles terão muito que falar sobre a amizade e o companheirismo entre eles, mas pouquíssimas serão as referências à alegria de estudar, compreender e aprender por causa da classe dominante, de professores e administradores que se impõem sobre os alunos, a classe dominada. O autor continua a escrever o capítulo dizendo que com o passar do tempo à inteligência dos alunos pode se encolher por medo e horror diante dos desafios intelectuais, e por esta inteligência ser intimidada pelos professores e, por isto, fica paralisada. Para o autor a educação é fascinante pelo conhecimento do mundo e o professor esqueceu-se de que sua vocação é despertar o potencial único e adormecido em cada estudante.


3.3 A lei de Charlie Brown

De um recorte de jornal o autor escreveu este capítulo, no qual Charlie Brown explica a uma criança a importância da escola, e a necessidade de tirar boas notas, fazendo com que o autor faça uma reflexão sobre a educação e o sofrimento imenso dos exames de vestibulares. A partir desta tirinha do Charles Brown, o autor questiona a descoberta em meio à varias idéias, como o processo de aprendizagem é transmitido de geração em geração, da mesma forma, sem questionamentos com uma lógica irracional os alunos que tirarem boas notas entrarão na universidade mais que em pouco tempo quase tudo aquilo que lhes foi aparentemente ensinado será esquecido, pois o corpo não comportará tanto conhecimento morto que ele não consegue integrar com a vida, o autor considera este episódio como um absurdo, por soar de maneira engraçada o que justifica a tirinha. Neste capitulo, o autor comenta que o processo atual hermético de ensino cria um exército facilmente controlável pelas forças econômicas, já que forma alienados, e finaliza com a mensagem de que as informações passadas para os alunos deveriam ter aplicação prática para não esqueerem e levando a pura perda de tempo.
 
3.4 “Boca de forno”
 
Neste capítulo o autor inicia relembrando uma música que brincavam na escola, onde o mestre falava e os outros repetiam. A brincadeira é uma repetição do que acontece nas escolas, às crianças são ensinadas e tem os assuntos repetidos quando é aplicada a metodologia tradicionalista e aprendem bem, sendo futuramente incapazes de pensar coisas diferentes. sendo o reflexo de uma receita, ensinada, aprendida e seguida com rigor não acrescentando nenhum outro conteúdo. Os alunos tornam-me incapazes de expor o diferente. Compreende-se neste capítulo que o saber já testado tem uma função econômica, a de poupar trabalho, a de evitar erros, a de tornar desnecessário o pensamento. A letra mudou, mas a música continua a mesma para o autor neste capítulo a educação freqüentemente cria pessoas que não se atrevem a sair das trilhas aprendidas, por medo e na continuidade dos estudos agregado as experiências da vida afora vão brincando de Boca de forno onde o aspecto do absurdo da repetição do que "seu mestre mandar", têm reflexo na realidade e forma de uma crítica onde o aspecto repetitivo do modelo de aprendizagem praticado na pedagogia tradicionalista de algumas escolas. A partir deste ponto o autor conclui que este aspecto  
repetitivo limita a capacidade criativa dos alunos, impedindo que estes busquem alternativasàs soluções apresentadas e os limita na busco pelo desconhecido.

3.5 O sapo

O autor inicia este capítulo contando uma história do príncipe que virou sapo, atravésde um feitiço, o feitiço é quando uma palavra entra no corpo e o transforma, o príncipe ficou possuído pela palavra que a bruxa falou e seu corpo ficou igual à palavra. O autor explica que desde que nascemos, continuamente, palavras nos vão sendo ditas, elas entram no nosso corpo, e ele vai se transformando com o conhecimento adquirido, virando outra coisa dependendo do se está aprendendo, diferente da que era antes de ouvir a palavra enfeitiçada.Assim o autor descreve que a educação é o processo pelo qual os corpos vão ficando iguais às palavras que são ensinadas. Eu não sou eu, eu sou a palavra que os outros plantaram em mim. Na medida em que o príncipe, que sabia o que é ser príncipe, vira sapo, aprende o que ser sapo esquecendo o que é ser príncipe e finalmente, sentindo necessidade de mudarnovamente, quebra o encanto e volta a ser um príncipe o autor metaforicamente nos mostraquão importante é esquecer para aprender. Seu objetivo não é ensinar, ao contrário e fazê-lo
esquecer-se do que aprendeu, para que ele possa lembrar-se do que esqueceu e assim quebrar o feitiço. A partir desta reflexão o autor conclui com uma discussão sobre a importância da palavra, aprendida e esquecida, na formação do indivíduo.

3.6 Sobre vacas e moedores
 O autor faz um paradoxo entre as vacas nos pastos que são transformadas em pedaços de carne nos açougues. Elas se esquecem dos pastos, dos riachos e seus sonhos se tornam outros. As crianças são seres de sonhos, seus pensamentos têm asas, sonham sonhos de alegria e querem brincar. Como as vacas de olhos mansos são belas, mas inúteis para o autor e a sociedade não tolera a inutilidade, pois tudo tem de ser transformado em lucro e como as vacas, elas tem de passar pelo moedor de carne, seus corpos e pensamentos vão passando por um moedor, sendo triturado e todos vão sendo transformados numa pasta homogênea. É neste sentido que o autor expressa em seu livro que as crianças estão sendo preparadas para se tornar socialmente úteis com a formatura onde todos ficam iguais, moldado pela mesma forma. Nesta perspectiva os jovens estão indo para os vestibulares, sendo direcionado para a nova modalidade avaliativa o ENEN ligando assim o moedor e dentro de alguns anos estarão formados, serão profissionais. E o que é um profissional se não um corpo que sonhava antes do vestibular e que foi transformado em uma ferramenta social homogênea, as ferramentas são úteis, necessárias. Mas as ferramentas, não sabem sonhar.

3.7 “Eu, Leonardo”

O autor faz uma reflexão sobre Leonardo da Vinci, que em sua época desenvolveu grandes habilidades, como pintor, músico, arquiteto, poeta, engenheiro, geólogo, biólogo, todas essas atividades, dentro do seu corpo vivia um universo e que em pleno século XXI provavelmente ele em uma situação prática, na qual seu chefe lhe pede um relatório sobre um projeto de pesquisa e ele responde que no momento isto não é possível, porque está se dedicando a um projeto estético por que se apaixonou pela pintura de um quadro, provavelmente ele seria despedido. Neste capítulo o autor explica que o controle de qualidade do pensamento é cortar as asas da imaginação a fim de que ele marche ao ritmo da globalização institucional. O pensamento se tornará excelente ao preço de perder a sua liberdade. O Leonardo aparece nas dificuldades, na pobreza educacional por causa das escolastradicionalista que não devem dar repostas prontas por serem fáceis, pois apenas as perguntasnos permitem entrar pelo mar desconhecido.

3.8 Largatas e borboletas

O autor nos fala que na lagarta mora adormecida uma borboleta, e na borboleta uma lagarta, assim, mora adormecido em nosso corpo um universo fantástico, desconhecidos. E o que vai acordar é aquilo que a palavra chamar. O autor diz que as palavras estão dentro de nossos corpos em estado de hibernação, como sonhos. A esse processo em que a palavra desperta os mundos adormecidos, se dá o nome de “educação”. E aos que têm esse poder de despertar mundos adormecidos através da palavra, dar-se o nome de “educadores”. Alves mostra que a educação pode ser algo que nos faz esquecer o que somos a fim de nos recriar a imagem do outro, ou seja, é preciso esquecer-se do aprendido, afim de poder lembrar daquilo que o conhecimento enterrou. Moldar jovens e crianças a este outro desconhecido pode trazer um retorno econômico ao final do processo educativo, mas ele só se realiza ao preço da morte dos universos que um dia viveram como possibilidades adormecidas no corpo das crianças: toda borboleta deve se transformar numa lagarta. Por isso que as pessoas passam as suas vidas com a estranha sensação de que não era bem aquilo que desejavam, pois foram transformadas em alguma coisa diferente dos seus sonhos, e isto as condenou à infelicidade o tempo passou e a idade não permite mais a dinâmica da juventude para ser a borboleta, sendo este o antigo
pensamento tradicionalista, pois hoje com a globalização a borboleta ao maisserá aprisionada.

3.9 Bolinhas de gude
 
O autor faz uma reflexão sobre as crianças, ao perceber sua neta brincando com três bolinhas de gude. Para o autor normal é ver as crianças como aquelas que precisam ser ensinadas, seres inacabados que, á semelhança do Pinóquio, só se tornam pessoas de carne e osso depois de serem, submetidas ás nossas artimanhas pedagógicas. Este capítulo sugere que os mestres se transformem em aprendizes, que os adultos se disponham a aprender com as crianças, pois a época exige a troca de conhecimento numa filosofia da educação às avessas. È necessário esquecer a metodologia tradicionalista, do que foi aprendido que nos fez adultos para se ver o mundo com novos olhos e globais. Aprender com a idade, voltar a ser criança e ser feliz, esquecer o que se aprendeu e aprender de novo, observar a simplicidade como uma criança vê o mundo. Estas são as mensagens que o autor transmite nesse capítulo, pois para Rubem Alves a prepotência dos adultos, pais jovens, os impede de entender o mundo das crianças e aprender com eles. Em vez disto, estes adultos impõem sua verdade às crianças podando-lhes a simplicidade. Contudo há uma esperança, a de que uma vez avôs e avós estes adultos tenham mais uma oportunidade de aprender com seus netos.

3.10 Um corpo com asas

O autor tenta explicar o corpo como um ser leve que voa por espaços distantes, por mundos que não existem, pelo poder do pensamento, pois pensar é voar e voar com o pensamento é sonhar. O corpo de uma criança é um espaço infinito, onde cabem todos os universos e quanto mais ricos forem estes universos com corretos conhecimentos, maior será o número de melodias que as crianças saberão tocar, maior será a possibilidade de amor, maior será a felicidade. Voar é fascinante, mas é perigoso, sendo preciso que não se tenha medo de flutuar sobre o vazio com asas frágeis. A alegria de ensinar é um livro em que o seu autor, Rubem Alves, deixa claro que ensinar é um exercício de imortalidade, que de alguma maneira continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo peloinstrumento fascinante da palavra, sendo que o educador é assim, não morre jamais, estando acada dia no pensamento daquele que ele ensinou, este é o pensamento do autor para este capítulo.
 
3.11 Tudo o que é pesado flutua no ar
 
O autor fala que o mundo é para ser entendido como uma brincadeira de criança, com a simplicidade e a responsabilidade, mais os adultos não sabem, os professores não percebem, a vida é para ser vivida na inocência da brincadeira. Tudo o mais que se aprende nas disciplinas: geografia, história, física, química, biologia, matemática, são brinquedos, objetos de prazer. O professor é aquele que ensina a criança a fazer flutuar suas bolinhas de vidro dentro das bolhas de sabão. Tudo o que é pesado flutua no ar. Neste capítulo o autor explica que não chegaremos a lugar nenhum porque não experimentaremos aquela felicidade flutuante e que o papel do professor é fazer com que seus alunos brinquem com o conhecimento, faça com que o pesado flutue, e assim possam ser mais felizes aprendendo.

3.12 As receitas
 
O autor faz uma reflexão sobre o nosso país por ser um país tão rico, mais que somos um povo tão pobre. Somos pobres em idéias. E não sabemos pensar, não temos idéia de como o mundo é feito. Pensar é voar sobre o que não se sabe. Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isso existem as escolas, não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme, mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido. Só se sabe bem com o corpo aquilo que a cabeça esqueceu. É um conhecimento que se tornou parte inconsciente. Só vai para a memória aquilo que é objeto do desejo. A tarefa primordial do professor, seduzir o aluno para que ele deseje e, desejando, aprenda. E assim o autor escreve o capítulo na forma atual como as escolas tradicionalistas ensinam seus alunos, a qual se baseia na transmissão de um conhecimento sedimentado, um conjunto de perguntas e respostas, em algumas situações até um senso comum. Segundo o autor o problema, é que quando apresentamos o conhecimento desta forma limitamos o aluno na elaboração de idéias, idéias estas fundamentais para o crescimento da nação. Assim, é preciso ensinar não só o que se sabe, mas também o que não se sabe. É preciso não somente olhar para o que se aprendeu como algo conhecido e cristalizado, mas olhar para o futuro desconhecido, que pode ser explorado com asas do pensamento. É não proporcionar uma receita pronta mais experimentaracrescentando novos ingredientes e descobrindo uma nova receite.


3.13 Ensinar o que não se sabe
 
O autor nos fala do mestre e discípulo. O mestre sabe que todos os homens são seres alados por nascimento, e que só se esquecem da vocação pelas alturas quando enfeitiçados pelo conhecimento das coisas já sabidas. Chega o momento em que o mestre ensinou o que sabia, e chega à hora de ensinar o que não sabe o desconhecido. O saber do mestre ensina a andar por caminhos sólidos, indica pedras firmes, onde poderá colocar os pés sem medo, mas na busca dos sonhos o discípulo terá de construir um novo saber, diferente daqueles que aprendeu e livrar-se da segurança que este conhecimento proporciona e cair no desconhecido, ousar atravessar campos nunca antes visitados. Esta é a fórmula do aprender o que não se sabe, o que ninguém sabe, proposta pelo autor. A exposição a este ambiente desconhecido é como sonhar e é sonhado que fazemos ciência, é sonhando que nos livramos da prudência dos que seguem padrões estabelecidos e assim construímos o conhecimento.

3.14 O carrinho

O autor fala de um carrinho que ganhou de presente, que o levou a pensar, lembrar e a sonhar, por estar ligado a sua alma. Para Rubem Alves se os professores entrassem no mundos que existe na distração dos seus alunos eles ensinariam melhor, tornar-se-iam companheiros de sonho e invenção. Neste capítulo o autor transmite que sem amor todo conhecimento permanece adormecido, inerte, impotente. As escolas são imensas oficinas, ferramentas de todos os tipos, capazes dos maiores milagres, mais de nada valem para aqueles que não sabem sonhar. Os profissionais da educação pensam que o problema da educação se resolverá com a melhoria das oficinas, mais verbas, mais artefatos técnicos, mais computadores. Não percebem que não é ai que o pensamento nasce. O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança, tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isto os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor, intérpretes de sonhos. É possível perceber nas entrelinhas deste capítulo que uma criança que monta um carrinho com peças coletadas do lixo contra aquele pai abastado que compra, com o vil metal, um carrinho última geração para seu filho. Este último será fatalmente esquecido, enquanto o segundo, impregnado de lembranças da infância daquela criança e fruto de idéias, geradas com amor, será levado na lembrança para sempre. O autor conclui que o mesmo ocorre as nossas escolas onde os educadores, lembram de solicitar mais verbas e recursos e esquecem-se, de estimular as idéias, a criatividade, o amor pelo que se faz.
 
 
CONCLUSÃO

Esta obra nos traz reflexões sobre a educação e a formação do professor, de uma maneira poética e filosófica. É uma obra de leitura agradável, que nos leva a refletir através de contos relatados pelo autor. A alegria de ensinar o qual o autor deixa claro que é um exercício de imortalidade, e que de alguma maneira continuamos a viver naqueles olhos que aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra, sendo que desta forma o professor não morre jamais. Este devera sempre ser o objetivo do professor, despertar o interesse pela aprendizagem, com prazer e amor, levando os alunos a descobrir o que estiver adormecido no seu interior, dar asas a sua imaginação, percorrer caminhos novos, tornar-se critico, e livre para expor suas idéias e seus pensamentos. O ato de educar exige segurança, competência profissional, comprometimento, generosidade e acima de tudo amor. A alegria de ser professor é poder ensinar os alunos a caminhar por passos firmes e seguros, e prepará-los para o desconhecido. O mestre é aquele que consegue despertar em um ser o prazer pela aprendizagem. A palavra tanto pode invocar príncipes quanto sapos, tanto pode acordar borboletas quanto lagartas. A educação pode ser um feitiço que nos faz esquecer o que somos, a fim de nos recriar a imagem e semelhança do outro. Um brinquedo construído com sucata terá mais simplicidade e verdade para a criança, por ter sido ela a construir, o seu significado será lembrado por toda eternidade. O professor não pode perder o carinho com seus alunos por mais rigorosos que possam ser e por enfrentar dificuldades com a falta de recursos para melhor expor suas aulas, o carinho precisa prevalecer sempre.

REFERÊNCIA

ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 13ª edição, Campinas, São Paulo: Papirus, 2000
 


 

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Meu nome é Luciana Lemos dos Santos, seja bem vindo ao meu Blog, neste espaço vou compartilhar com vocês as aprendizagens e experiências vividas ao longo dos meus estudos. Sou Pedagoga pela FTC e UFBA; Historiadora pela UNOPAR; Pós-Graduação para Especialização em Docência na Educação Infantil pela UFBA/cursando (2014/2016) Kiss.